1ª parte


Desejo da Rosa

Wish Rose


Minha fé é no desconhecido,
em tudo que não podemos compreender por meio da razão.
Creio que o que está acima do nosso entendimento
é apenas um fato em outras dimensões
e que no reino do desconhecido há uma infinita reserva de poder.




Todas as coisas mudaram e a dor tomou conta de mim novamente, estou confusa sobre quem escolher, um me aquece com suas palavras e sua voz, outro me acalma com seu toque e seu sentimento. Os dois estão ali a minha espera e toda essa festa foi planejada apenas para que eu escolha de que lado ficar, todos me olham como o demônio e o anjo, não sei o que escolher minha mente e meu coração estão confusos.


Parte 1
Conhecer a dor

A
 caminho de um dia normal, a mais um estudo pra tentar inverter o tempo, e conhecer o desconhecido, as dores não machucam mais pois minha família  se foi e não nada mais a se fazer, meu único refugio e onde crio minhas invenções,em meu laboratório, onde meu único plano é conhecer os porque de a morte vir na hora que todos estão esperando a vida.
Tenho caminhos a tomar isso é um fato em minha vida determinado, todos os dias me levanto sempre sabendo que a rotina ira me massacrar e minha família só voltaria à noite em meus sonhos, minha única alegria é saber que meu amigo esta do meu lado, Lúcero, este meu amigo sempre esteve ao meu lado, mesmo eu o não sendo afetiva e em alguns momentos sendo egoísta.
Apesar de que não me sinto nenhum um pouco atraente para um homem, este talento, acredite nunca nasceu em mim, pois meus traços são sem expressão alguma, meus olhos e cabelos são negros e meu lábio é um pouco afinado, meu tamanho é 1,65 , acredite não sou nenhum um pouco atraente em nenhum sentido e para mim a beleza é algo tão imutável que não me dedico tanto a este quesito.
Iniciamos um projeto, na verdade eu diria um plano impossível, pois queremos construir uma maquina do tempo, para ver toda a dor e inverter as mortes e inverter a sociedade que hoje vivemos, todos nossos planos são sonhos, apesar de todos os recursos, sabemos que talvez nunca ocorra de a máquina dar certo, pois nenhum homem jamais fez tal coisa, pois até onde estudamos só existem diversas teorias e nenhuma ação.
Em algum lugar do nosso coração sabemos que ainda a chance de conseguirmos, este é o nosso projeto, a única coisa que nos resta, a única alegria e esperança, mescladas com a incerteza e o medo de simplesmente não tentar.
Eu e Lucero sempre fomos muito próximos, me alegra falar dele, pois a cada dia vejo como somos iguais e diferentes em todos os sentimentos, este sonho nos uniu, pois foi através dele que sentimos a dor um do outro.
A cada passo estou perto do meu sonho impossível e agora a realidade vem me chamar:
- Melissa pode me responder como todo o sistema solar é ?- meu professor de Ciências Naturais Robert me chama, e sua careca aos poucos torna a dar réstia em toda a sala, engraçado sim, mas mesmo assim seus olhos são dominadores e insensíveis.
- O Sistema Solar é constituído pelo Sol e pelo conjunto dos corpos celestes que se encontram no seu campo gravítico, e que compreende os planetas, e uma miríade de outros objetos de menor dimensão entre os quais se contam os planetas anões e os corpos menores do Sistema Solar- minha resposta simplesmente foi algo decorado, acredito ter tirado Wikipédia, ou alguma enciclopédia em casa.
- Resposta correta, mais percebe que tudo que disse me lembra algum trecho de um livro velho.
-Talvez seja por que o senhor já tem o conhecimento de um velho.
Seu olhar como sempre agressivo e penetrante e assim acaba mais uma aula, com o digno sinal, onde todos os alunos voltam para suas atividades pessoais, algumas meninas voltam para seus namorados cheios de hormônio, outros voltam para a sua casa onde se divertem com algum vídeo game, acreditando que o único meio de conquistar algo é jogando seu joystick, e em cada um destes só encontro futilidade e a infância que nunca tiveram.
Meu amigo como sempre esta ao lado do refeitório me esperando com seu sorriso e seu carinho, sempre ao seu lado me encontro em paz, como se só ele no mundo pudesse existir e me entender, e como sempre a sua presença me acalma pelo simples fato de ele estar aqui do meu lado, e de sua simplicidade ao me confortar.
Seu visual é extremamente desconcertante para a maioria das meninas, seus cabelo é comprido um pouco abaixo do ombro, seus olhos são azul escuro, e altura 1,80, ao seu lado me sinto pequena, , extremamente frágil, e ele sempre disposto a me proteger..
Voltando para casa em seu carro, conversamos sobre todos os assuntos, como todos os dias sua conversa é algo empolgante, porém hoje é diferente, pois sinto a falta intensa da minha família, mesmo com 5 anos tudo ter se passado, esses dias sempre determinam toda a dor voltada para a perda e mesmo com os meus risos falsos, Lúcero sempre sente minha dor.
- O medo une mais os homens do que a coragem, Mel, pense nessa frase, eu sei que tudo que disse até agora neste carro você não me ouviu e agora por mais que nada do que eu faça te ajude, reflita na frase de Carlos Drummond, pois estou aqui e quero te ajudar.
Meus olhos aos poucos se encheram de lagrimas, como se meu coração se esvaziasse de toda a dor que senti neste dia, a minha dor sempre volta ao lembrar minha família, me sinto enfraquecida e nada pra mim me traz alegria a cada passo mais perto da dor, a cada momento mais longe da felicidade, meus pais e meu irmão morrerão em seqüestro e somente eu sobrevivi.


Estávamos no carro indo ao restaurante como sempre fazíamos no domingo a noite, meu pai como sempre colocava alguma musica clássica no caminho do restaurante, ainda me lembro que ele havia colocado no som do carro “As quatro estações” de Mozart, estávamos prestando atenção a cada nota de cada instrumento em uma rua um pouco escura, mas que até naquele dia havia sido segura, quando homens com capuz quebraram o vidro de traz do carro, meu pai tentou ligar o motor, porém ele estava enguiçado, eu e meu irmão mais novo começamos a gritar e minha mãe começou a ficar ansiosa, meu pai ficou apavorado podia ver em seu semblante uma dor insuportável por não conseguir nos acalmar, os homens chegaram ao carro e apontaram uma arma para o meu pai, tão logo meu pai saiu do carro e eles o bateram de uma forma extremamente bruta, um deu soco na costa, outro estava com um martelo e quebrou seu joelho, eu não sabia o que fazer e minha mãe chorava descontroladamente, um dos homens a olhou, seu porte físico era um cabelo loiro e a cor dos seus olhos eram verde escuro, e ele olhou para minha mãe, ainda me lembro daquele olhar de desejo impuro , poderia jurar que naquela noite, alguém da minha família morreria, e que eu não poderia fazer nada pra mudar isso.
Eles entraram no carro e um dos homens colocou meu pai no porta-malas, outros pegaram meu irmão e a mim e começaram a passar mão em nossos corpos, estava aflita, não sabia o que fazer, pensamentos para matar estes homens vieram a minha mente, dos mais valentes possíveis, porem nunca conseguiria fazer tal ato, eram três homens e eu somente uma criança querendo viver, minha mãe nem gritou, pois a todo o momento olhava para o porta-malas com medo de perder meu pai, , aos poucos veio uma raiva e uma dor infinitas em meu coração como se toda a minha energia estivesse sendo sugada e assim desmaiei..
Algumas horas depois eu estava presa, amarrada com meu irmão, seus lábios tremiam e eu sentia uma dor muito forte do seu lado, minha mãe estava deitada numa cama amarrada também, porem de uma forma estranha, eu via o seu corpo, e percebi que ela estava nua, senti um pânico profundo, por pensar nas maldades daqueles homens e o que eles já haviam feito a minha mãe, minha mãe a todo momento levantava o rosto para olhar para mim e para meu irmão e naquele momento ouvi um tiro, o homem de cabelo loiro estava “brincando” com a arma e apontou para meu pai, quando virei um pouco meu olhar, vi meu pai, meu herói, o melhor homem que conheci com o rosto ensangüentando, e seu olhar estava vazio e suas orbitas estavam sem movimentos,na sua testa havia o buraco da bala, ele morreu, meu herói morto.
Senti pânico, queria justiça, queria meu pai sorrindo pra mim como antigamente nos dias em que brincávamos que ele era meu herói e eu sua princesa... Minha mãe estava desolada e nada mais importava, meu maior desejo foi morrer naquele momento, pedia a morte compulsivamente que me tirasse dali, mais naquele momento vi meu irmão e senti que ele precisava de mim, e percebi que a morte podia esperar um pouco, um pouquinho mais.
Os homens entraram e junto deles tinha um garoto de olhos azul profundo, não sei o que pensei naquele momento, mas senti ódio daquele menino por estar com os homens, mas ao ele me olhar percebi uma lagrima cair de seu olho direito, uma lagrima, um sangue na verdade e então percebi que a dor dele era a mesma da minha, ele não queria estar ali.
Um dos homens apontou para meu pai e sorriu, outro de cabelo azul foi até a minha mãe e começou a tocá-la, comecei a gritar e gritar não ouvia mais nada, um dos homens disse ao menino para colocar uma fita em minha boca, os lábios do menino estavam cheios de sangue e os seus braços estavam roxos de tanto apanhar, ele colocou a fita em minha boca e me olhou ternamente e disse em sussurro ao meu lado:

- Desculpe... - foi à palavra mais incrível naquela noite, e me senti calma apesar de tudo.

Aquele menino se afastou e os homens o pegaram e o colocaram ao lado do meu pai, e mesmo sem conhecer meu pai ele beijou em sua bochecha e li em seus lábios:
- Este beijo era para ser seu Mel.

Fiquei desconcertada, pois nenhum daqueles homens perguntou o nome da minha família e tão pouco o meu nome, o homem de cabelo azul foi até meu irmão e apontou a arma para ele, tentei gritar e ajudar meu irmão, mas tudo que eu fazia não mudava nada naquele momento e então o outro um de pele praticamente pálida falou para ele não fazer nada, naquele momento ouvi o tiro e o corpo do meu irmão atrás de mim descendo sangue no meu vestido, meu irmão disse :
- te amo maninha!!
E então naquele momento, a porta foi arrombada e então o homem pálido foi mais rápido e chegou a minha mãe, e ele começou a discutir com os policiais:

- Saiam daqui ou eu a mato seus vermes! – e este cuspiu no chão, e tirou uma faca e a apontou no pescoço da minha mãe.

- Acalme-se – o policial disse.

 E então foi tudo tão rápido, um dos policiais atirou no homem de cabelo azul, mas o homem pálido cortou o pescoço da mamãe, tudo si dissolveu na minha mente e as ultimas lembranças de tudo que vivi em minha vida, apesar da pouca idade se passaram, e toda a solidão se apossou de mim ao lembrar meu pai me ensinando a ler, eu e meu irmão brincando de piratas, minha mãe cantando musicas de ninar em todo o anoitecer.
Vazio, a palavra certa e o sentimento certo para todos os dias da minha vida, Lúcero é o menino que pediu desculpas a mim, e hoje ele me olha do mesmo jeito daquele dia, e hoje ele é mais próximo a mim de todas as pessoas que me rodeiam, ele é meu melhor amigo, o único que pensou em mim.

Lúcero me levou até minha casa em seus braços, estava tão fraca que nem conseguia sair do carro, e somente o ouvi dizer novamente em meu ouvido:

- Desculpe- e despediu com um beijo em meu rosto